O estudo dos comportamentos dos jogadores e das equipes dentro do jogo não é algo tão recente, porém ele ainda é muito questionado dentro de algumas comissões técnicas.
A observação de comportamentos de jogadores e equipes recebe diferentes denominações como: observação do jogo, análise notacional e análise de jogo. Esta última é a mais utilizada e engloba a observação dos acontecimentos, a notação dos dados e a sua interpretação. (Garganta, 1997; Hughes, 1996).
Para Hughes e Franks (1997) as informações recolhidas a partir da análise do comportamento dos atletas em contextos naturais (nos treinos e jogos) são consideradas as variáveis que mais afetam o processo de aprendizagem e eficácia das ações dentro do jogo. Ou seja, se a partir da análise de jogo concluirmos que a equipe está errando muitos passes, o que fazemos? Vamos treinar passes, certo? Errado!
Primeiro que na análise de jogo precisamos encontrar padrões da equipe e identificar como esses padrões estão contribuindo ou não para o êxito dentro do jogo. Não podemos apenas observar dados descontextualizados e buscar respostas pontuais, pois o jogo é complexo e toda ação técnica está envolta em um ambiente caótico.
Se observarmos de forma descontextualizada a tabela abaixo podemos ouvir várias suposições como: “a equipe B teve mais passes e ganhou o jogo”, “a equipe B teve muitos cruzamentos errados e tem que treinar esse fundamento” e assim vai...
Cedido: Scout Online – www.scoutonline.com.br
Porém esses dados não têm valor relevante se não considerar os comportamentos da equipe. Para Zago (2007) devemos considerar também os padrões coletivos e a proposta de jogo da equipe analisada para podermos contextualizar os dados e compreendê-los de uma forma global.
Esses dados não podem ser coletados a esmo. Uma boa metodologia de coleta e observação é extremamente necessária. Os achismos e análises empíricas devem ser evitadas, pois informações falsas geram respostas falsas para os problemas de jogo.
Estudos realizados por Franks e Miller, em 1986, demonstraram que treinadores de Futebol, quando solicitados a descrever os acontecimentos ocorridos em 45 minutos de uma partida de Futebol obtiveram valores inferiores a 45% de respostas certas. Ou seja, se o achismo for a metodologia utilizada o possibilidade de acerto é inferior a 50%, um índice muito baixo dentro de um esporte que está cada vez mais competitivo.
Cada informação coletada no jogo deve ser observada e analisada cuidadosamente para que não haja nenhuma informação errada. Se houver algum tipo de informação enganosa a observação perde o seu valor e se torna muito mais prejudicial do que benéfico.
A análise de jogo é uma ferramenta fundamental para os profissionais de campo que precisam de informações corretas e imediatas dos acontecimentos do jogo. Veja um exemplo de análise de jogo através de vídeo e observe os padrões da equipe da Inter de Milão:
Fonte: Tactic Zone - www.tacticzone.com
Referências
FRANKS, I.M.; MILLER, G. Eyewitness testimony in Sport. Journal os Sport Behavior, 9(1) (38-45). 1986
GARGANTA, J. M. Modelação tática do jogo de Futebol: estudo da organização da fase ofensiva em equipes de alto rendimento. Tese (Doutorado)-Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, Universidade do Porto, Porto, 1997.
HUGHES, M.; Notational analysis in T. Reilly, (Ed.) Science and Soccer (343 – 361). Londres: E and F. N. Spon. 1996
HUGHES, M.; FRANKS, I.M. Notational analysis in sport. Londres: E. and F.N. Spon (1997).
ZAGO, L. C. Reflexões sobre a análise do jogo. 2007. Disponível http://www.futeboltatico.blogspot.com/ Acesso em: 18 de fev. de 2011.
GARGANTA, J. M. Modelação tática do jogo de Futebol: estudo da organização da fase ofensiva em equipes de alto rendimento. Tese (Doutorado)-Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, Universidade do Porto, Porto, 1997.
HUGHES, M.; Notational analysis in T. Reilly, (Ed.) Science and Soccer (343 – 361). Londres: E and F. N. Spon. 1996
HUGHES, M.; FRANKS, I.M. Notational analysis in sport. Londres: E. and F.N. Spon (1997).
ZAGO, L. C. Reflexões sobre a análise do jogo. 2007. Disponível http://www.futeboltatico.blogspot.com/ Acesso em: 18 de fev. de 2011.
Bruno Baquete
Um comentário:
Muito bom post Prof. Bruno... infelizmente de uns tempos pra cá, vejo muitos profissionais do futebol e formadores de opinião (imprensa), querendo explicar o fenômeno futebol com números. Futebol não é (e nunca será) uma ciência exata.
Abraço,
Alberto Tenan - Treinamento Futebol.
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